sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Quem Escreve: Nunca Espere Ser Lido.

"Com Althusser, aprendemos que ler não é reproduzir especularmente um texto, mas sim produzir a partir dele um discurso, isto é, produzir, a partir da letra do texto, um discurso do texto. Ninguém lê o que está escrito." (Garcia-Roza)


Escrever é uma prática terapêutica. Ler também é... Porém em níveis diferentes. E escrever esperando ser lido por outros é martírio. É passar por momentos de ansiedade, ao olhar alguém com o papel que outrara branco, agora está com sua letra. Mas, mais do que uma folha,agora o que  está nas mãos do outro diz algo de você.Olhos nas expressões, nas mãos e na boca... Busca olho no olho, mas o do outro está ocupado com seu texto. E agora?


Surge a opinião, o veredito. O momento de angústia passa porém não passa a reação da resposta. E, quando se ouve deteriminada opinião, lá se vai o dia que estava lindo. "Ei! Você não leu o que eu escrevi!",pensamos raivosos dentro de nós. "Está tão claro, tão nítido, tão..." Tão seu. Você escreveu, mas quem lê é o outro. E o outro nunca lê o que você escreveu, mas lê o que ele entende.Os olhos são outros, as impressões também. O outro, nesse sentido, é angústia de não me entender. 


Escrever possui poder incalculável. Não é necessário muitas linhas, muitos versos ou muito sinônimos. É necessário lápis e qualquer tipo de papel... Está feito! E o outro lê, interpreta, reescreve e comenta. O que você escreve ajuda, atrapalha, faz pensar e rir. Recebi uma mensagem outro dia mais ou menos nesse tema, de uma leitora daqui: "Seu Blog é minha leitura matinal..." UAU! E alguns minutos depois... A preocupação. Como posso ter tal responsabilidade? Como saber o que vou escrever? O que vou escrever?


Não... Não é necessário tanta preocupação. É necessário escrever... Escrever para não sofrer, para não chorar. Escrever para viver, e ter vida através das palavras, dos significados. Não adianta:tudo o escrevo vai sempre mudar quando o outro ler. E fico feliz por isso. Sei que o outro vai ter as impressões certa. Depois de escrito, basta deixar as palavras falar. E elas falarão...


Tenho certeza.

2 comentários:

  1. E como crianças brincando de ciranda, as palavras dançam em nossas cabeças. E uma hora descansam sobre papéis de todos os tipos. Descansam para cansarem ou fazerem brilhar os olhos de alguém, e, DE FATO, escrever por escrever. A escrita não pede atenção dos que lerão, e sim de quem, delicadamente a colocou no papel.

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    1. Tessi, obrigado por seu comentário no Blog... Seu comentário aumentou e muito o texto. E como há crianças calmas, há outras que não deixam, de jeito nenhum, ficar quieto! São traquinas em tudo que fazem!!!! =)

      Mas, quando deitam e dormem, ou quando sorriem, todas as crianças são lindamente, igualmente lindas.

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