terça-feira, 24 de julho de 2012

Relação Contigo


Na relação contigo, eu me descubro. 
Do eu que se encontra com o tu
Surge o nós
Uno, porém plural.

Sem o outro, não sou eu.
Eu não me basto, sou extenso.
Galáxias explodem em mim,
Mas seu brilho só é belo a anos-luz de mim
Encontrando seu fulgor no outro.


Uma ilha, ainda que solitária
Faz parte de um grande mar...
Eu, mesmo que solitário às vezes,
Preciso de ti para me revelar.

Vem, e olha comigo
O Céu que amanhã será nosso
Não meu, nem seu
Mas nosso, e por isso belo.

Jonathan Oliveira
23/07/12

terça-feira, 29 de maio de 2012

Persistência

Tentar após o primeiro erro não é ser persistente. Se explica facilmente tal afirmação observando que a maioria das pessoas fazem tal repetição. E ser persistente é qualidade de poucos... Daqueles que tentam mais de mil vezes, se necessário. Que caminham mais de uma milha ou que correm mesmo com as pernas a doer. Usam além das forças que tem, retiram de um estoque infinito a energia necessária para continuar a caminhar, por mais que todos digam não.

Os persistente são os chatos. Aqueles que até podem ser tachados de cabeça-duras. São os que não param enquanto não conseguirem o que desejam. Eles, diferente do que muitos pensam, podem mudar ao longo do caminho; descobrem maneiras como não chegar ao seu objetivos e assim aprendem mais um caminho a se evitar. A característica mais forte dos persistente não é a perfeição, é a paciência. É o devagar e sempre, o contínuo e perene... É dar mais um passo, mesmo que doa um pouco mais.

Eles são esperançosos. Tem dentro de si uma força condizente com o brilho de seus olhos; contagiam os que estão ao seu redor, e repelem a muito também (geralmente são esses que ficam na beira do caminho). A chegada, para eles, é consequência. Sabem que o ir que importa, o sair do condado. Ver que a linha a ser atravessada não é física, é transcendente. Mantendo seus olhos no infinito, eles caminham. Veem o infinito...

Se eles não existissem, é bem provável que já fôssemos uma raça extinta. O falhar, na concepção do que persiste, é a outra face da moeda; errar existe na mesma proporção do acertar. O erro não os prostra, não os assassina. É uma determinada dose de energia o erro, a incerteza. Eles não almejam as respostas, almejam a pergunta. E sabem, persistindo, que a resposta virá... Ou a não existência dela. Mas, outras muitas são colhidas pelo caminho...

"Basta continuar", eles dirão... 

domingo, 27 de maio de 2012

Sensações

Não posso deixar de reparar que nossos tempos são tempos velozes. E parece que Cronos, mais do que antes, deseja-nos em seu ventre. O tempo que passa continua com suas horas, seus minutos e seus segundos. Nós, demasiadamente humanos, é que queremos demais para poucas horas. E talvez não seja o melhor para nós. Tamanha é a quantidade de coisas que temos durante um dia, que não nos lembramos de quase nenhuma ao deitarmos para, disfarçadamente, descansar. Hoje fazemos, e amanhã também... E, como Chaplin certa vez disse, esquecemos do que é sentir.


"Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência,de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."

Passei por uma experiência significativa alguns dias atrás. Para mim, foi entender um pouco o que é sentir. Sei que isso é individual, e cada qual precisa procurar tais coisas dentro e fora de si. Mas, como tento em todo o meu escrever, não quero ser manual. Não quero dizer o que fazer. Quero só instigar, fazer pensar... Ser alguém que abre a porta, ou melhor, mostra a porta... Ou nem isso, que só aponta para alguma direção. Algumas vezes, minha porta pode ser a sua; outra vezes, ocorre o inverso. Ao final, o processo do caminhar é proveitoso. 

Pois bem...

Como de costume, fui a biblioteca. Sim, é um dos meus lugares favoritos. Onde me sinto em casa. Lá, posso relaxar. O ambiente, as cores das estantes, seus livros e seus números... O silêncio ocasional e os pássaros à janela algumas vezes. Tudo isso me enche de uma felicidade inexplicável. Porém, desta vez me propus a somente ir. Ir e caminhar entre as estantes, sem falar nada, sem ouvir minha voz, sem um objetivo definido. Somente olhando, passando a mão pelas brochuras e deixando os olhos viajarem pelos muitos livros. Quão incrível isso foi para mim! Me senti como um desbravador... Achei livros aos quais nunca atentei; foleando alguns achei antigos marca-páginas, anotações em diversas letras, recados. Me deixei levar...

Acabei vendo o quanto minha visão é precária. O quanto é perdido por focalizar (ainda que isso seja necessário). Vi o quanto enxergo pouco, e de pequenas vezes. Eram tantas coisas que nunca havia visto! Eu, que sempre estou na biblioteca, me senti um visitante de primeira viagem. Senti que estava olhando para mim durante toda a silenciosa caminhada por entre os silenciosos vãos cheio de livros. Sai, irresistivelmente, com um livro em mãos. Um pouco abobalhado, devo dizer...

Chovia enquanto estava na biblioteca. Ao sair, somente chuviscava. Pequenas e leves gotas estavam marejando o tempo. Me encostei a parede da entrada da biblioteca e olhai para o céu... e me deparo com dois lindos arco-íris! Fiquei olhando, sem resolução alguma, para aquele espetáculo natural. Decide andar um pouco... Cheguei ao campo de futebol, molhando pela chuva de outrora. Aspirei profundamente o cheiro de grama molhada, olhei para o céu e vi o grande arco-íris reluzindo, com suas cores. O silêncio dentro e fora de mim eram explicáveis... Tudo aquilo fazia sentido, pois os sentia.

Acredito ser necessário tais momentos. Quando os escrevo, sei que perco muito do que realmente foi todas aquelas experiências. Mas, senti que o silêncio que estava comigo era uma companheiro necessário. E que hoje, nós o rechaçamos tantas vezes. Na pressa que temos, perdemos os sabores da existência. As coisas que não precisam ser explicadas, que estão aí e que vão para dentro de nós como flechas. E que são...