quarta-feira, 2 de maio de 2012

Visibilidade e Armadilhas

Sem pensarmos nas intempéries de uma vida exposta, todos queremos um pouco de visibilidade no palco geral. Queremos que olhem para nós, comentem e também (principalmente) elogiem. Queremos ser famosos, que os outros falem de nós e nos prestigiem. E então, surge as redes sociais. Um orkut com entrada VIP (só quem tem convite entra. Se você é dessa época toca aqui, estamos ficando antiquado... o/), depois uma migração em massa para a obra de Zuremberg, onde curtimos e compartilhamos milhões de milhares de informações.

Ainda que hoje não use o Facebook como ferramenta pessoal, já fui um usuário assim. E agora, um pouco mais distante (não muito, preciso concordar), noto como as redes sociais são um lugar de visibilidade. De criar e destruir celebridade que duraram alguns milhões de acessos no Youtube... E, ainda que não goste de generalizações, a internet é um espaço para visibilidade. Só o nosso nome não é suficiente, querem nosso endereço, nosso telefone, nosso estado civil, nosso credo religioso, nosso gostos em relação a música, livros, filmes e pessoas. Espaço livre para fotos e vídeos! E então, começamos a nos exibir. Colocamos nossas fotos, de momentos da nossa vida, e lá elas ficam. Amigos veem, comentam e curtem. Copiam e copiam...

Não sou um anti-internet. Afinal, tenho um Blog! Seria uma grande contradição se assim fosse. Só quero pontuar que "A visibilidade é um armadilha." A frase não é minha, é de Michel Foucault. Mas, me fez pensar... Será que não pensamos que a expressão vida virtual é, de certa maneira, uma forma de dar um pouco de nós a impessoal rede mundial de computadores? Impessoal porquê aqui, todos nós nos resumidos a um IP virtual, a um usuário e uma senha. Não notamos que, quando estou colocando minhas idéias, minhas fotos, minhas frases e meus vídeos, estou me colocando a mostra? E não quero determinar juízo de valor. Afinal, há os que gostam de se exibir. De mostrar o que tem, o que pensam e o que são (estou na segunda tipologia). Só temo por perdemos os limites e cairmos nessa armadilha.

Por não respeitar um tempo cronológico, somos onipresentes na internet. Ainda que com nossos computadores desligados, continuamos lá. Comentamos pessoalmente o que já foi comentando na rede. Nossos assuntos giram ao redor do que estava mais comentado. E assim, a internet está conectada em nós. E nós, sem vermos, começamos a depender dela. Além da onipresença, a efemeridade é uma marca dos tempos atuais. Coisas surgem e somem com um piscar de olhos. E levamos isso para nosso interpessoalidade, achando que para deixar algo de lado basta cancelar a solicitação de amizade ou "descurtir" algo. Certa vez, presenciei algo muito curioso: duas adolescentes conversando, então uma falou a outra: depois tenho que te contar algo, vou entrar na "face" e lá te falo. Mas, porquê não falar pessoalmente? Talvez seja muito pessoal, que necessite de privacidade. Então, poderia se buscar um lugar mais privado. Mas, temos a opção mais cômoda: sentarmos a frente do nosso notebook. Essa facilidade de mais me amedronta...

Me desculpem se o texto soa como um apologia contra a internet. Jamais foi meu intento. Só peço, e me cobro, atenção: Cuidemos para não sermos usuários, mas humanos. Coloque suas fotos, seus videos, suas informações. Faça um Blog ou uma página de Web. Entre em fóruns de discussão. Somente mantenha vivo em sua mente que quanto mais informações, mais se está visível. E por isso, mais vulnerável. Se isso não lhe incomoda, fico feliz. Porém não se assuste (como conheço muitos) quando seu nome estiver numa página que você nem conhece falando o que você não quis dizer (corro esse risco). E, vá por mim, uma boa prosa regada a um bom café e boas risadas nunca será substituída por mil compartilhamentos no Facebook.

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