Machucando

"Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro."

São amigos os que nos adulam? Que concordam com todas nossas palavras? Que nos acompanham nos eventos e tiram fotos conosco? Que sorriem e nos cumprimentam? Ou são amigos os que nos ferem, que fazem, quando necessário intervenções homeopáticas? 

Há amigos que quando vão falar algo que é sério, que vai de certa maneira tocar em algo profundo, começam dizendo: "Não quero te machucar..." Arre! As feridas feitas pelos amigos são necessárias! São importantes marcos o que amigos sinceros fazem por nós. Falam com uma sinceridade cortante, incisiva, e sem meias palavras dizem tudo aquilo que, saindo da boca de outrem, seria uma afronta.

Palavras que tocam em locais que doem, que machucam, que criam raiva momentânea. Mas que são bençãos quando reconhecida sua importância. Fazem pensar naquilo que negamos, que não vemos ou fingimos não ver. Amigos são a família que escolhemos. E sua quantidade é irrelevante. Há homens rodeados de "amigos", mas são os mais solitários... Enquanto outros, com três ou quatros, são tão felizes quanto quem tivesse o maior tesouro do mundo. Esses sabem que REALMENTE o têm.

Amigos são médicos da alma, pessoas que sabem como, onde e quando falar. Onde tocar e fazem até mesmo sangrar... Afinal, ao afiar o ferro, lasca saem... e de ambos. O processo que passam os amigos quando são necessárias "Intervenções", ainda que nunca tenha essa intenção, é turbulento para ambos. Mas repercuti positivamente na vida dos dois... do afiado e de quem afia. São estes, que não tem medo de criticar, de discutir, de discordar, de falar a verdade sem rodeios, são esses que necessitam desse belo nome: Amigos. 

São estes que quero comigo... Esses que sabem fazer homeopatia: usam o veneno em doses certas, e este traz cura. Que fazem o possível para que sejamos melhores, ainda que precisemos ouvir o que parece nos fazer pior. Que não desistem de nossa teimosia, de nossa insistência em algo que, talvez, não valha a pena. São este, que aconselham para não entrarmos em água fria e, mesmo se teimosamente entrarmos, esperam-nos as margem com uma toalha que são, realmente, amigos.