segunda-feira, 30 de abril de 2012

Discurso

Usamos as palavras sem nenhum cuidado. Falamos, e muito. E no discurso, ora nos encontramos e ora nos perdemos. Num jogo labiríntico, fazemos e desafazemos tudo num mesmo período. Sem ou com uso de vírgulas, pontos ou hifens. Mas, e quando as palavras faltam? Nessas jornadas míticas no território do falar, algumas vezes nos damos de cara com uma passagem sem saída.

Esses eventos lacunares, onde nossa memória nos traí e nossas fala se embarga são embaraçosas. Geralmente, falam mais do que as palavras que se enunciaram. A linguagem do silêncio... A selete língua que exige a sensibilidade e a acuidade de um arqueólogo que encontro uma delicado fóssil. Em vão, buscamos encontrar tais palavras: procuramos sinônimos, antônimos, adjetivos, advérbios, verbos e conjunções. E nada. Ela simplesmente foge a nosso controle. Emudecemos...

O geral não agrada. Suas dimensões são imensas demais para definir; A restrição, porém, diminui por demais. E então, a procura pela palavra de ouro não encontra sucesso. A lacuna dentro do período nos deixa embasbacados. Ela está na ponta da língua, não é mesmo? Você sabe qual é a ideia que deseja passar, mas ela não vai, não se entrega. Suas raízes estão profundas demais para ser arrancadas tão facilmente.

Recorrermos as alternativas. Mas nenhuma delas satisfazem... "Não é fato, mas também não é mito. Não é raro, não é louco e nem rouco..." Ficamos sem saber como dizer, ainda que precisemos falar. Nosso mais profundo quer lançar, de alguma maneira, pela áurea estrada do falar, o que realmente importa. Ficamos como incapaz de pronunciar uma palavra sequer, ainda que o vernáculo esteja todo em nossa mente.

E "as frases se perdem no discurso do olhar". Há um meio de falar que só está disponível aos mais atentos, aquele que mudo fala mais que todo o falar. Os olhos, cheio de uma linguagem própria, expressam o que a boca não consegue trazer a tona... Como um livro que pede para ser lido, ali estão as janelas para o real significado de todo um discurso.

"Se um dia alguém puder me entender..."

P.s: Música "Sem Palavras" - Movéis Coloniais de Acajú 

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