segunda-feira, 23 de abril de 2012

Um Jung que ri

Ainda sob as impressões de "Um método perigoso", a foto compartilhada por Claudio Paixão no seu Facebook sob o título "Um Jung que ri" me fez repensar as discussões que tivemos na associação "Vertentes Junguianas" no último sábado. Não querendo esgotar possibilidade, pois tal tarefa seria impossível, gostaria de comentar um dos pontos que discutimos durante a reunião, e lembrar que este texto não é uma crítica cinematográfica... Não tenho conhecimento suficiente para isso. Contento-me a colocar um ponto de vista.

É comum nos pegarmos idealizando as pessoas. O que dirá de teóricos, autores e outros... Achamos que esse são perfeitos e falhas não são admissíveis. Projetamos nossas próprias e frustadas expectativas nos outros e então, quando descobrimos que o fundado da psicologia Analítica relacionou-se com uma de suas clientes, nos espantamos. Espanto que, se analisado, se mostrar injustificável. O problema repousa sobre nossa demasiada expectativa, não nas ações alheias.

Aline fez um comentário interessante relacionado a isso (e, é claro, não conseguirei transcreve-lo na íntegra): Ao invés de ficarmos discutindo se o que Jung fez foi certo ou errado, moralizando a discussão, porquê não voltar-se as obras do autor? Acho que todos que são habituados ao ambiante acadêmico já ouviram esse tipo de discussão: Sobre as ações da vida do autor referido na conversa, se foi certa ou errada, enquanto que as discussões de sua teoria seria bem mais interessantes. Essas discussões criam um clima de "fofoca" dentro do conhecimento, que deveria criar  o campo de "coluna social" na formação generalista.

Note que não entrarei na discussão da atitude de C.G. Jung. Não é meio objetivo e isso, do meu ponto de vista (concordando com Aline) é irrelevante. Conhecer esses tipos de atitudes é uma maneira sensata de recordar que os autores não são, em nada, diferentes daqueles que o estudam.  E isso leva a um comportamento crítico, pois se ambos estão num mesmo pé de igualdade (mantendo suas proporções), o conhecimento pode ser construídos. Que fique a lembrança: ninguém é perfeito e se nos frustramos com os outros, é porquê projetamos nossos defeitos nos outros, e queremos que esses sejam melhores naquilo que nós não o somos. Seja estudante ou autores, ambos são humanos... E sempre serão. Todos num processo de construção de vida, com seus sorrisos e também, dependendo de que está olhando, seus deslizes.

O filme, em minha opinião, é muito bom. Principalmente por mostrar o início de um Jung que lançaria todas as bases para uma psicologia analítica. A última cena do filme, onde ele está fixando seu olhar no infinito sugere muito bem isso: a partir de então, o campo está pronto para a construção de algo novo. 


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