sábado, 14 de abril de 2012

Os Medos, as dores...

"Compreender é o primeiro passo aceitar, e somente aceitando ele pode se recuperar(...)Amortecer a dor por algum tempo apenas a tornará pior quando você finalmente a sentir." 
Alvo Dumbledore

O interior de cada ser humano é algo misteriosamente curioso. Com nossa limita e finita visão, precisamos confiar no que os outros dizem quando perguntamos: "Está tudo bem?" e ainda que duvidemos, de nada adiantará se não partir da mesma pessoa a vontade de dizer como realmente está. Os olhos humanos, quando se encontram, demonstram um pouco daquilo que as palavras não permitem dizer. Quantos estão sofrendo, porém estampam um sorriso de gracejo no rosto. E nós acreditamos que estão bem... Como o mestre Cartola cantava: "Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre/O meu sorriso é por consolação/Porque sei conter para ninguém ver/O pranto do meu coração."

Cada um sabe das dores que carrega. Sabe daquilo que o machuca e faz chorar. O problema é que, como um instinto, fugimos sempre que nós aproximamos das verdadeiras razões. Creio que o meio onde vivemos tem nos ajudado nessa fuga. Com tantas coisas a fazer, porquê olhar para dentro de mim? Basta ligar a televisão (ainda que ache que hoje o que mais acontece é "Basta acessar o Facebook") e pronto. Como mágica, estamos bem... Estamos rindo. Mas, o controle remoto é cruel algoz. Quando desliga, faz a dor voltar. E dormimos chorando.

Essa fuga não é necessariamente ruim. Realmente existem coisas dentro de nosso ser difíceis de ser encaradas, e pode ser que um confronto direto nos despedace. Os corajosos que dizem ter se conhecido totalmente ou são fantasmas ou acham que conhecer 1% de algo é se conhecer totalmente. E, como a palavra conhecer surgiu, o primeiro passo para se enfrentar o que nós machuca é compreender. Entender o que nós faz sentir como sentimos. É o ínicio do confronto, onde o reconhecimento do adversário é importante. E, ainda que esteja usando um linguajar de lutas, não devemos levar isso as últimas consequências. Há coisas dentro de nós que não iremos vencer, mas iremos aceitar. Em certos casos, a aceitação é o primeiro passo para a recuperação.

Mas, se essa fuga pode ser boa, ela como hábito é ruim. Fugir para se proteger de algo é normal. Viver fugindo, é irrealizável. Mais cedo ou mais tarde, aquilo que mais tememos irá nos confrontar. E quanto mais fugimos, mais negamos, mais forte nossos medos e dores se tornam. Não necessitamos enfrentar todos os nossos medos, ao mesmo tempo e com a mesma posição. Entretanto, precisamos enfrenta-los, mais cedo ou mais tarde. Quer dizer,o enfrentamento ocorre no momento em que o heroí reconhecer sua missão e arriscar a sua comodidade e segurança,como um trecho  de J.K. Rowling exemplifica:

"Quando ouviu Voldemort ainda mais perto, ele soube apenas uma coisa que transcendeu o medo e a razão - ele não ia morrer agachado ali como uma criança brincando de esconde-esconde; não ia morrer ajoelhado aos pés de Voldemort... ia morrer de pé como seu pai, e ia morrer tentando se defender, mesmo que não houvesse defesa alguma possível..."

E tudo isso sempre, não posso deixar de lembra, ocorre em um longo processo. Ainda que na escrita isso pareça fácil, a prática traí os que palavras dizem. Acho que C.G. Jung queria salientar isso numa das suas mais famosas frases: "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." O processo de se entender os nossos medos e nossas dores é acima das teorias, não subjugada as mesmas. 

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