Coragem é nobreza de espírito. É olhar nos olhos do medo e encará-lo como igual, sem permitir a ele o mínimo de espaço para aproximar. Sabe bem quem já andou em terras errantes, onde a solidão era o pão diário e água pouco existia que ter coragem é esperar que amanhã se encontre um refúgio. Mas, ainda que amanhã haja ou não o refúgio, o corajoso continua a caminhar. Sem pretensões além de resistir. Qual o homem que escapou do olhar penetrante da incerteza?
Eis o que proclamo: juntai tudo o que podeis. O que mais tende em apreço e em cuidado, aquilo que mais valorizaste em resultado de batalha. E, então, jogue tudo ao fogo. Veja como o fogo a tudo queima e deixe, por um minuto, as lágrimas escorrerem. Se não imaginamos tal situação, o caminhar da nossa existência se encarrega de mostrar que perder é tão comum quanto ganhar, e valorizar qualquer um desses será tolice. O que há de comum em ambas é efemeridade.
Acima de tudo, porém, o que possui coragem não se deixa prender ao fatos atuais. Reconhece a perda, a dor de ter que seguir sem aquilo que aprecia, mas sabe que nas idas e vindas, as coisas podem ou não voltar, de uma maneira ou de outra. Sem coragem, não é possível olhar adiante e continuar sem sucumbir a tentação da morte do agora.
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