Há alguns dias atrás, enquanto caminhava em direção à universidade, ao passar por uma ponte, algo me chamou e atenção e me deteve por alguns minutos. Às margens do rio, em uma pequena "banheira" criada pela terra, dois passarinhos banhava-se. Um, imerso na água, sacudia suas penas incessantemente; o outro, dando alguns pulinhos, usava o bico para jogar água em suas penas. Fiquei ali admirando aquela cena, e saí com um pensamento (afinal, precisava ir para universidade. E justificar meu atraso por conta de passarinhos seria pouco crível): Eu não queria ser um passarinho.

Preocupar-se faz parte do homem. O exagero em tal tarefa é um problema, e os pássaros podem nos ensinar. Ensinar a ser menos preocupados. Não despreocupados. Precisamos ter olhos para a realidade (tanto dentro como fora de nós), e se observarmos com atenção, essa nos preocupa. Só não podemos deixar com que essa preocupação nos domine, nos escravize. Se não tivéssemos preocupação, provavelmente nada faríamos. Quando me preocupo com meu futuro, estudo manerias de fazê-lo. Se não me preocupo, deixo ir. E deixar ir, algumas vezes, não é o melhor caminho. A preocupação é, em certo modo, uma maneira de criar, é uma certeza. Ainda que envolta em dúvidas...
Admiro os passarinhos. Os acho graciosos. Mas, ainda que muitas vezes desapontado, gosto do humano. Das suas opções, das suas potencialidades. Tenho que constatar o quanto somos medíocres na maioria das vezes. Mas, alguns me dão esperança de que podemos ir além do somos ao todo. Não com ufanismo, mas com pés no chão. Sabendo que os passarinhos continuarão a voar despreocupados, e eu preciso continuar caminhando, preocupando com razão. Usando a preocupação como ferramente de busca, de crescimento, não como escravo desta.
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