domingo, 15 de abril de 2012

Leitura Cardíacas

"O livro é muito importante, mas tem que estar acompanhado pelo coração." (José Bento, um dos primeiros clientes da Casa das Palmeiras)

Há pessoas que gostam de ler. Outros leem por obrigação... Alguns (como o pequeno escritor que vos disserta) alimenta-se da leitura. Livros são os objetos mais comuns em meu apartamento, e meu lazer é empenhar horas e mais horas mergulhado dentro de um livro. Para quem escreve, a leitura é alimento. Satisfaz a alma, estimula a mente e os dedos, e tranquiliza o coração. Ah! O coração...

Alguns têm os leitores como aversos ao social. É fácil encontrar um do nossos... basta olhar para um canto, uma cadeira, encostado numa parede... e lá está ele: livro a mãos, olhar compenetrado, esquecido do mundo e talvez por ele esquecido. Mas este não é o caso. Não é geral tal esteriótipo; alguns preferem a boa prosa ao livro, e alguns unem a prosa ao livro e vão além e aquém da obra em questão (geralmente, isso ocorre quando dois leitores se encontram). E como é rico o mundo do livro! Como é bom o ar de uma biblioteca cheia deles... 

Mas ler não é somente exercitar os olhos, aumentar o ensaio cognitivo ou passar um tempo. Ler é uma atividade afetiva, terapêutica. Quem lê e não é afetado por aquilo que se revela ainda não encontrou seu tipo preferido... ou, perdeu a sensibilidade (e precisa achá-la urgentemente). A leitura é uma experiência catártica, onde as palavras toma vida e adentram aquele que lê, o modificando de alguma forma. Levando a pensar diferente, a questionar o que pensa ou o que acabou de ler. Envolve discutir com o autor, rir e reclamar. Descarte coloca da seguinte maneira a leitura, no seu "Discurso do método":

"(...) Que a leitura de todos os bons livros é qual uma conversação com as pessoas mais qualificados dos séculos passados, que foram seus autores, e até uma conversação premeditada, na qual eles no revelam tão-somente os melhores de seus pensamentos."
Ler é constante construção. E, dentre os hábitos adquiridos, creio ser um dos melhores. Porém, a leitura sem coração, como nos lembra José Bento, perde o sentindo. Sem ir ao livro, adentrar e viver cada palavra e usar, de alguma forma, o que foi passado no cotidiano é ter todo um mar a frente e contentar-se em encosto a ponta do pé na pequena maré que termina na praia. Mario Quintana, enfim, lembra dessa tão importante união entre a mudança, a leitura e o indivíduo:

“Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.”

2 comentários:

  1. Um belo texto Jonh.! Concordo completamente com voce a questao do esteriotipo.Para ler nao é preciso se afastar do mundo, ler é a melhor forma de encontrar a compreensão para essa realidade. E o do que adianta um corpo bem alimentado se a mente esta faminta?

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  2. Esta citação de Descartes me fez lembrar as aulas de Metologia do trabalho universitário, quando a Shirley nos dizia que deveríamos tratar os autores como nossos amigões e bater um papo sério com eles de vez em quando! Muito bom, Jonathan! =D

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