sexta-feira, 30 de março de 2012

Dia e Noite

O quanto gostamos do dia? E da noite? Há aqueles que como pássaros ao amanhecer, gostam do sol e seu brilho, da brisa da manhã. Outros, no entanto gostam da lua, das estrelas e da penumbra que acompanha a noite. E então, surge uma pergunta: Quem é melhor? Pergunta nevrálgica essa. Serão horas e horas se discutindo os prós e conta. Mas veja que estamos tratando de extremos, de pontos que estão "tensionados"...

Discutir extremos é interessante porque extremos são, na maioria das vezes, geradores de contrários. Porém, nem sempre ser contrário significa não estar junto. O curta "Day and Night",que é extra do filme Toy Story 3, é um bom jeito de pensar isso. O curta apresenta dois personagem, Day e Night, um está acordando, disposto e animado quando encontra o outro, que dorme,  e se começa a discussão. Após isso, há a comparação... E no final, notam que o que os faz belo é a contradição e, mais tarde, a complementação.

Acho um curta maravilhoso. Quando os dois começam a discutir, fico pensando em quantas discussões entramos já disposto em um extremo, do qual não queremos sair. Nos impomos como senhores do castelo, e vemos que quem está contra é inimigo a ser destronado. Não olhamos o que há no outro, mas sim o que está em mim (afinal isso que importa, não é mesmo?), e assim entramos não para uma discussão, mas sim para um imposição de ego. Quem não está disposto a olhar o outro, não é capaz de assimilar novidade.

Mas, a briga entre os dois personagem cessa quando um deles nota algo de interesse no outro (acompanhado de Tom Jobim, com seu Desafinado), mas este deseja o objetivo excluindo os meios... e então  o desejado desaparece. É assim também quando, no meu extremo, desejo o que há no outro extremado, porém excluído quem está neste local. Sem o outro, o que viso, o desejado, desaparece. E então, da discussão, se passa a comparação. A se querer sobrepor, a ser melhor... As vantagens são demonstradas, os pontos positivos atenuados... E, nesse processo, o olhar começa a ser lapidado, a ver o que não se tinha visto, e começa uma pequena, porém proveitosa troca. 

E então, na comparação, se nota a falta. Se nota que há som no outro, e que neste mesmo lugar, sou silencioso. E a tristeza, a dor do faltar, do incompleto, surge em mim. Da comparação passo para um semi-processo, que na animação é bem representado pelo entardecer. É o momento do olhar para outro e ver que um extremo é, na verdade, a maneira diferente de se ver algo de onde estou. E também, de que os extremos são dinâmicos... O que hoje é dia, certamente amanhã será noite. Enfim, chega-se a complementação, que baila e dança, anda lado a lado, sem perder o extremo, porém sem lutar contra o extremo.

Não é ser relativista e dizer que não há nada absoluto. Essa seria outra discussão. O que está em voga é que pousar em um extremo e nele se acomodar, achando ser ali todo o mundo, deixa a visão pequena e ignorante, sem ver que há um outro que está no lugar onde estávamos ou vamos estar. Os contrário continuam a se opor, porém numa mesma linha...


Nenhum comentário:

Postar um comentário