Quem de nós podemos negar a existência de um mostro dentro de nós? A parte que nós consome nos momentos em que a razão, por emoções tão forte e descontroladas, se esvai e somente somos aquilo que não desejamos ser, somos aquilo que não temos consciência. Quando o "pior" de nós vem a tona e depois que "voltamos a razão" julgamos ver só o rastro da destruição. Como Bruce Banner bem representa, temos um "Hulk" interno, que é só músculos e destruição. E o que fazer com isso?
Se negamos essa realidade, ela irá com certeza aumentar. Como Freud ilustra no recalque, essas nossas características "crescem no escuro". Nosso "lado negativo", nossa sombra, é tão potencial quanto mais negamos sua realidade e força. Quanto mais queremos crer na nossa bondade inata, na nossa retidão... Mais ela fortalece. E, ao valorizar um lado, o outro cresce proporcionalmente. E o Hulk ganha força... Até surgir e destruir tudo ao nosso redor. Não se trata de relativizar o "mal"; torna-lo uno com o "bem" (as aspas são explicativas: essas noções são morais). Se trata de dar o espaço certo.
Qual o segredo do Hulk? Manter-se sempre nervoso. Ou seja, a questão não é destruir, é integrar. É usar o que há de negação em nós como parte de nós. Nem sempre o que se nega é "ruim". Há sim em nós coisas escuras, escondidas, coisas que não entendemos bem, e que desprezamos de fato. E só quanto colocamos tal realidade a nossa frente e damos a ela a liberdade de vir a tona e que podemos controlá-la. E não é um controle final... Como Banner mostra, isso pode sair do controle. Mas o equilíbrio perfeito não existe. Existe o processo de equilibração, de ir e voltar ao ponto do meio.
Olhar para o que há de "Hulk" em nós não é nada fácil. É um processo, onde chegamos sempre perto da porta e olhamos pela fechadura. Exige coragem, além de um amparo para que isso não saia do controle e deixe o Banner em segundo plano. . Questão complicada? De fato... Nunca está em conclusão. Mas, não podemos negar que a o contrário da do que somos dentro de nós. Ora podemos dizer que tudo isso é mal... Mas, no enfrentamento, podemos ver que nem tudo o é. "Admitir (analisar) a sombra é romper com sua influência compulsiva".
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